Em nossa adoração ascendemos aos lugares celestiais e lá nos encontramos com nosso Deus (Hebreus 12.22). Porém, essa adoração celestial não é algo que de alguma forma fugiu com medo do inimigo na terra. Ao contrário disso, como o livro do Apocalipse nos revela com grande riqueza de detalhes, a adoração dos santos no céu realiza os julgamentos de Deus na terra. Os vinte e quatro anciãos adoram a Deus no céu (Apocalipse 4.10), e os sete selos são abertos no céu (Apocalipse 5.5). Contudo, isso não deixa a terra intocada ou inalterada. O que acontece no céu impulsiona o que ocorre na terra.
Portanto, se desejamos nos envolver e lutar na guerra cultural, temos que lutar do lugar mais alto. E o único terreno elevado do qual podemos lutar com sucesso é o terreno elevado do Céu, onde nosso Senhor Jesus está sentado à direita de Deus.
O texto
3 Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne.
4 Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando nós sofismas
5 e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo.
2 Coríntios 10.3-5
Resumo do texto
O apóstolo Paulo diz aos coríntios que ainda andamos na carne, mas não conduzimos nossa guerra de acordo com a carne (v. 3). Nossas vidas ainda são carnais sem serem mundanas. Esta é a diferença entre estar no mundo e ser do mundo. O fato das as armas de nossa milícia não serem carnais não as torna etéreas, impotentes, mas, o inverso. Elas são poderosas em Deus na derrubada das fortalezas do diabo (v. 4). O homem incrédulo ergue duas coisas contra o conhecimento de Deus, e essas duas coisas são “sofimas” e “toda altivez”. Estes sempre se exaltam, mas as armas da nossa milícia os derrubam e os levam cativos (v. 5). E a guerra é descrita como total – estamos engajados em levar cada pensamento cativo à obediência de Cristo.
O que isso tem a ver com nossa adoração?
Em primeiro lugar, notemos que o texto expressamente afirma que não cumprimos essa missão por meio de armas humanas. Uma das coisas que perturbam os secularistas da nossa cidade é que eles nos ouvem dizer coisas como “tudo para Cristo, por toda a vida, por todo o sempre”. Eles então acreditam que queremos colocar uma fileira de obstáculos em nossa cidade e começar a ditar termos e leis como se fôssemos o Talibã de Aracaju. No entanto, quando estamos falando sobre essas coisas não nos referimos a uma guerra sangrenta contra os homens, mas de uma guerra espiritual. Não obstante, a guerra espiritual tem consequências em tempo real. A guerra espiritual não é uma guerra etérea, ou alguma forma de guerra de faz de conta. Ela existe e está ocorrendo nesse momento enquanto escrevo.
Segundo, sabemos que Jesus Cristo ascendeu aos lugares celestiais, à corte do Ancião de Dias, onde lhe foi dado o domínio de todo o universo (Daniel 7:13-14). Ele comprou todas as nações dos homens com seu próprio sangue, e Ele pretende conquistá-las (Salmos 2.7-8). Ele disse a seus discípulos que havia recebido toda autoridade no Céu e na terra, e que por essa razão eles deveriam se espalhar pelo mundo e discipular todas as nações da terra (Mateus 28.18-20). Isso incluiria plantar igrejas, os centros de adoração.
Em terceiro lugar, nossos cultos são uma celebração semanal daquela grande coroação que aconteceu há dois mil anos. E as celebrações da coroação sempre trazem problemas para todos os pretendentes ao trono. Foi o que Adonias descobriu para seu desalento. Sua festa de coroação foi bastante frustrada e ofuscada pela coroação do verdadeiro rei de Israel:
“Zadoque, o sacerdote, tomou do tabernáculo o chifre do azeite e ungiu a Salomão; tocaram a trombeta, e todo o povo exclamou: Viva o rei Salomão! Após ele, subiu todo o povo, tocando gaitas e alegrando-se com grande alegria, de maneira que, com o seu clamor, parecia fender-se a terra. Adonias e todos os convidados que com ele estavam o ouviram, quando acabavam de comer; também Joabe ouviu o sonido das trombetas e disse: Que significa esse ruído de cidade alvoroçada? Estando ele ainda a falar, eis que vem Jônatas, filho de Abiatar, o sacerdote; disse Adonias: Entra, porque és homem valente e trazes boas-novas. Respondeu Jônatas e disse a Adonias: Pelo contrário, nosso senhor, o rei Davi, constituiu rei a Salomão. E Davi enviou com ele a Zadoque, o sacerdote, e a Natã, o profeta, e a Benaia, filho de Joiada, e aos da guarda real; e o fizeram montar a mula que era do rei. Zadoque, o sacerdote, e Natã, o profeta, o ungiram rei em Giom e dali subiram alegres, e a cidade se alvoroçou; esse é o clamor que ouviste. Também Salomão já está assentado no trono do reino. Ademais, os oficiais do rei Davi vieram congratular-se com ele e disseram: Faça teu Deus que o nome de Salomão seja mais célebre do que o teu nome; e faça que o seu trono seja maior do que o teu trono. E o rei se inclinou sobre o leito. Também disse o rei assim: Bendito o SENHOR, Deus de Israel, que deu, hoje, quem se assente no meu trono, vendo-o os meus próprios olhos. Então, estremeceram e se levantaram todos os convidados que estavam com Adonias, e todos se foram, tomando cada um seu caminho”.
1 Reis 1.39-49
Uma celebração arruinou a outra celebração.
Enxerguemos a guerra através de novos olhos
Deus estabeleceu a antítese no início da história humana:
“Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Gênesis 3.15
Portanto, há um constante estado de guerra entre a semente da mulher e a semente da serpente. O Senhor Jesus esmagou a cabeça da serpente em sua crucificação e ressurreição, mas por sua graça Ele nos permite participar dessa luta:
“E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco”.
Romanos 16.20
Ele esmaga o maléfico adversário, ferindo-o sob seu calcanhar. Contudo, devemos lembrar que, como seu corpo, somos esse calcanhar:
“E pôs todas as coisas debaixo dos pés, e para ser o cabeça sobre todas as coisas, o deu à igreja”
Efésios 1.22
Nosso Senhor Jesus ainda nos prometeu que neste conflito, as portas do inferno nunca prevaleceriam contra nós:
“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.
Mateus 16.18
Em Mateus 16.18 temos um detalhe importante: os portões do inferno não são uma arma ofensiva. Não estamos sitiados pelos portões do inferno. Nós é que somos os sitiantes. Não estamos cuidando do nosso castelo sitiado, lutando desesperadamente até finalmente perecermos. Pelo contrário. Nós é que empurramos as portas do inferno.
Mas, isso não significa que nossa guerra seja fácil. Longe disso. Os primeiros homens a subir as escadas de escalada podem achar a luta bem quente no topo da parede. Mas é o topo de sua parede.
Anunciemos a morte do Senhor até que ele venha
Todo sermão fiel que declara Cristo como Salvador e Senhor é uma proclamação, mas não apenas para os crentes reunidos enquanto adoram. A mensagem também é para os incrédulos, bem como para todos os principados e potestades. Cada vez que celebramos a Ceia do Senhor (e aqui temos mais outra razão por que devemos fazê-lo a cada sete dias), proclamamos a morte vicária que conquista o mundo inteiro (1 Coríntios 11.26).
E toda vez que abrimos nossa boca e nossos saltérios para cantar, queremos fazê-lo de uma maneira que todos os reis ímpios da terra, assim como Adonias, possam ouvir, se estremecer e com todos os convidados se retirar, tomando cada um seu caminho.
O que é que vence o mundo? Não é a nossa fé (1 João 5.4)?
Tudo para Cristo, por toda vida, por todo o sempre!
Rev. Alan Kleber