Ação de Graças inclui gratidão. Na verdade, a ação de graças é apenas a expressão de uma gratidão do coração consciente a Deus pelas misericórdias recebidas. A gratidão é uma emoção interior da alma, que surge involuntariamente nela, enquanto a ação de graças é a expressão voluntária da gratidão. A ação de graças é oral, positiva, ativa. É a doação de algo a Deus. A gratidão é secreta, silenciosa, passiva, não se revelando até que seja expressa em louvor e ação de graças. A gratidão é sentida no coração. A ação de graças é a expressão desse sentimento interior.

Ação de graças é exatamente o que a própria palavra significa – dar graças a Deus. É dar algo a Deus em palavras que sentimos no coração pelas bênçãos recebidas. A gratidão nasce da contemplação da bondade de Deus. É gerada por uma meditação séria sobre o que Deus fez por nós. Tanto a gratidão quanto a ação de graças apontam e têm a ver com Deus e suas misericórdias. O coração é conscientemente grato a Deus. A alma dá expressão a essa sincera gratidão a Deus em palavras ou atitudes.

A gratidão nasce da meditação sobre a graça e a misericórdia de Deus. “Com efeito, grandes coisas fez o SENHOR por nós; por isso, estamos alegres” (Salmo 126:3). Aqui vemos o valor da meditação séria. “Seja-lhe agradável a minha meditação; eu me alegrarei no SENHOR” (Salmo 104:34). O louvor é gerado pela gratidão e uma obrigação consciente para com Deus por causa das misericórdias concedidas. Quando pensamos nas misericórdias passadas, o coração se move interiormente para a gratidão.

O amor é filho da gratidão. O amor cresce à medida que a gratidão é sentida, e então irrompe em louvor e ação de graças a Deus: “Amo o SENHOR, porque ele ouve a minha voz e as minhas súplicas” (Salmo 116:1). As orações respondidas causam gratidão, e a gratidão gera um amor que declara que não cessará de orar: “Porque inclinou para mim os seus ouvidos, invocá-lo-ei enquanto eu viver” (Salmo 116:2). A gratidão e o amor se movem para orações maiores e mais intensas.

O apóstolo Paulo apela aos romanos para que se dediquem inteiramente a Deus, um sacrifício vivo, e o motivo constrangedor são as misericórdias de Deus:

“Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Romanos 12:1).

A consideração das misericórdias de Deus não apenas gera gratidão, mas induz uma grande consagração a Deus de tudo o que temos e somos. Assim, a oração, a ação de graças e a consagração estão inseparavelmente ligadas. Gratidão e ações de graças sempre olham para o passado, embora também possam abranger o presente. Mas a oração sempre olha para o futuro. Quando prestamos a Deus ação de graças estamos lidando com as bençãos já recebidas. A oração lida com as bençãos desejadas, pedidas e esperadas. A oração se transforma em gratidão e louvor quando as coisas pedidas são concedidas por Deus.

Gratidão e ação de graças se opõem para sempre a todas as murmurações no trato de Deus conosco e a todas as reclamações em nosso destino. Gratidão e murmuração nunca habitam no mesmo coração ao mesmo tempo. Um espírito ingrato não tem posição ao lado da gratidão e louvor. E a verdadeira oração corrige a reclamação e promove gratidão e ação de graças. A insatisfação com a própria sorte e a disposição de ficar descontente com as coisas que nos vêm da providência de Deus são inimigos da gratidão e da ação de graças.

Os murmuradores são pessoas ingratas. Homens e mulheres piedosos não têm tempo nem disposição para parar e reclamar. A ruína da jornada no deserto dos israelitas a caminho de Canaã foi sua propensão a murmurar e reclamar contra Deus e Moisés. Por isso, Deus ficou várias vezes muito triste, e foi necessária a forte oração de Moisés para evitar a ira de Deus por causa dessas murmurações. A ausência de gratidão não deixou espaço nem disposição para louvor e ação de graças, como sempre. Mas, quando esses mesmos israelitas foram trazidos a seco pelo Mar Vermelho, enquanto seus inimigos eram destruídos, houve um cântico de louvor regido por Miriã, a irmã de Moisés. Um dos principais pecados desses israelitas era o esquecimento de Deus e de suas misericórdias e a ingratidão de suas almas. Isso gerou murmuração e ingratidão, como sempre.

Quando o apóstolo Paulo escreveu aos colossenses para que deixassem a palavra de Cristo habitar ricamente em seus corações e deixar a paz de Deus governar sobre eles, acrescentou: “e sede agradecidos… instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração” (Colossenses 3:15-16).

Mais adiante, escrevendo a esses mesmos cristãos, ele une a oração e a ação de graças: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças” (Colossenses 4:2). E escrevendo aos tessalonicenses, ele novamente se une a eles: “Regozijai-vos sempre. Orai sem cessar. Em tudo, dai graças, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco” (1 Tessalonicenses 5:16-18).

Onde quer que haja oração verdadeira, gratidão e ação de graças permanecerão firmes, prontas para responder na ocasião certa. Pois assim como a oração traz a resposta, a resposta traz gratidão e louvor. Assim como o dia vem depois da noite, a ação de graças segue a oração respondida. A verdadeira oração e gratidão leva à plena consagração, e a consagração leva a mais e melhor oração. Uma vida consagrada é tanto uma vida de oração quanto uma vida de ação de graças.

Em tudo, dai graças,

Rev. Alan Kleber Rocha