Nossos Filhos & a Igreja

Introdução

Este é um período notável na história da nossa congregação. Nunca vimos um crescimento como este antes e todos nós estamos nos acostumando com a nova situação. Claro, aqueles de vocês que se mudaram de outras igrejas e até mesmo do outro lado do país para se juntar a nós – sejam bem-vindos. Num certo sentido, vocês são refugiados, mas num sentido mais fundamental, vocês são, na verdade, reforços em nossas fileiras. Esta é uma nova comunidade para você, um novo ambiente, um novo conjunto de amigos, um novo ambiente de santo trabalho. Sua experiência de igreja é muito diferente da que era antes. Mas a mesma coisa também se aplica a todos vocês, veteranos. Vocês também estão frequentando uma igreja muito diferente. Estamos todos numa situação nova.

Acredite ou não, para muitos de vocês, há algumas coisas sobre a Igreja de Cristo com as quais leva algum tempo para se acostumar. Algumas delas são triviais e outras são práticas que consideramos muito importantes. Considere esta mensagem como uma orientação para um dos nossos pressupostos doutrinários que acreditamos ser crucial, e é aquele que tem a ver com o relacionamento dos nossos filhos com a nossa congregação.

O texto

“Então, lhe trouxeram algumas crianças para que as tocasse, mas os discípulos os repreendiam. Jesus, porém, vendo isto, indignou-se e disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. Então, tomando-as nos braços e impondo-lhes as mãos, as abençoava” (Marcos 10:13-16; cf. Mateus 19:13-15; Lucas 18:15-17).

Resumo do Texto

Este é um incidente famoso, registrado em todos os três evangelhos sinópticos. Crianças pequenas foram trazidas a Jesus para que Ele pudesse “tocá-las”. O que tocar significava para Jesus nessas passagens é visto na forma como Ele respondeu. Ele tomou as crianças nos braços, colocou as mãos sobre elas e as abençoou (v. 16). Em Mateus, diz que Ele impôs as mãos sobre eles (Mateus 19:15). No relato de Lucas, vemos que a vinda a Jesus pode ser realizada quando alguém o leva até lá, porque a palavra usada para se referir às crianças ali é brephos, a palavra para bebês. Nesse caso, não havia diferença entre vir e ser trazido.

Agora, em todos os três relatos, os discípulos eram adultos ocupados e repreenderam aqueles que trouxeram as crianças. “Como você pode ver, o Rabino é um homem muito ocupado…”, disseram eles. No relato de Marcos, vemos que Jesus ficou muito descontente com isso. Se você deseja obter esse tipo de reação de Cristo, tente se colocar entre Ele e uma criança que está sendo levada até Ele. Nos três relatos, Jesus exige que permitamos que as crianças sejam trazidas a Ele.

A razão que Ele dá para este padrão é que “dos tais é o reino de Deus” (v. 14). Ele não diz nada como “bem, afinal, as crianças são uma zona livre de teologia”. E além de tudo isso, Ele nos ensina que as crianças não precisam se tornar mais parecidas com os adultos que virão, mas sim que os adultos precisam se tornar mais parecidos com as crianças para entrar no reino (v. 15). Tal como os discípulos da história, muitas vezes entendemos tudo isto ao contrário.

Alguns antecedentes rápidos

Você deve ter notado que nossos filhos se reúnem para adorar o Senhor junto com todos nós. Todos nós nos reunimos. Seus filhos são muito bem-vindos, inquietos e tudo. Nas ocasiões em que você precisar lidar com qualquer desordem moral que tenha surgido em sua peleja, sinta-se à vontade para acompanhar seu filho para fora. Esse é o tipo de coisa que encaramos com calma, e quase todo mundo aqui já esteve no seu lugar.

As chaves do reino são mantidas pelos presbíteros da igreja, e não pelos pais. É responsabilidade do nosso Conselho de presbíteros zelar pela pureza da Palavra e pela integridade dos sacramentos. Se o seu filho for batizado, e posteriormente professar a sua fé, ele poderá vir à Mesa junto com todos nós. Se o seu filho batizado tem três meses e está desmaiado na cadeirinha do carro, não sinta que precisa acordá-lo para assistir a Ceia. Somos pactuais, não supersticiosos.

Mas quando ele estiver no seu colo, acompanhando o serviço, e perceber a bandeja passando e quiser participar, por favor, comece a ensiná-lo sobre o Sacramento. Mas, ao mesmo tempo, porque esta não é uma decisão familiar unilateral, por favor informe o seu presbítero que o seu filho já crescido deseja agora participar e para isso ele precisa professar a sua fé. E se você tem um filho que não foi batizado, mas que acredita em Jesus, ele ainda é bem-vindo à Mesa conosco – mas ele deve ser batizado primeiro. Ele é bem-vindo para sentar-se à mesa conosco, mas o caminho para a mesa da sala de jantar é pela porta da frente – que é o batismo.

Nosso Acordo de Cooperação Batismal

A Confissão de Fé para a Igreja Presbiteriana do Brasil é a Confissão de Westminster, que é uma confissão pedobatista. Cultivamos uma comunidade eclesial que é um lugar acolhedor para as crianças, para todas as crianças. Esta questão está relacionada com a doutrina do batismo, mas não é idêntica a ela. Uma das coisas que queremos insistir é que todos vocês aprendam a se juntar a nós no acolhimento das crianças.

Alguns de vocês, recém-chegados, vêm de origens batistas genéricas, e outros de origens batistas mais definidas. Você é muito bem-vindo aqui, mas, para ir direto ao ponto, seus filhos também o são. Podemos acomodar diferenças sobre o batismo, mas não queremos acomodar extrapolações ímpias das premissas batistas – ou das premissas presbiterianas, nesse caso. Um exemplo deste último seria: “Sim, ele está cumprindo pena de 5 a 10 anos por assalto à mão armada, mas é um bom menino. Ele foi batizado uma vez, e temos esperança de que algo que valha a pena acontecerá algum dia.” Um exemplo do primeiro seria: “Papai, eu amo Jesus… Bem, vamos julgar isso, garoto. Você não se lembra daquela mentira que contou há três anos? Como você pode estar pronto para tomar a Ceia do Senhor?”

Se você está preocupado com o batismo de seu filho porque não tem certeza absoluta de que ele está realmente convertido, pense desta forma. Não tínhamos certeza se você estava realmente convertido e deixamos você entrar. Sua tarefa como pai cristão não é semear dúvidas em seus filhos. Sua tarefa é ensiná-los a acreditar.

Venha e seja bem-vindo a Jesus Cristo

A Igreja não é um clube religioso ou uma sociedade teológica que se reúne aos domingos. Somos o corpo de Cristo e, portanto, vir aqui adorar o Pai significa que estamos vindo para e através de Cristo. Chegamos ao Pai no poder do Espírito, percorrendo o caminho que é Cristo. Estamos percorrendo Cristo o Caminho todos juntos. E ao viajarmos dessa maneira, queremos tomar muito cuidado para não colocar uma pedra de tropeço no caminho de nenhum dos nossos pequeninos.

“E quem fizer tropeçar a um destes pequeninos crentes, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse lançado no mar” (Marcos 9:42).

Portanto, independentemente da doutrina do batismo em si, é, portanto, uma suposição básica para a nossa congregação aqui que seria muito melhor para nós admitirmos um falso professante como membro do que seria excluir um verdadeiro irmão. Esta é uma suposição que queremos ver cultivada em toda a congregação – e isso ocorre porque não queremos que Cristo fique muito descontente conosco.

“Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus.”

Em Cristo, Senhor dos Pais e também dos Filhos,

Rev. Alan Kleber

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