Sermões sobre o uso da língua podem facilmente fazer com que todo cristão responda com algum tipo de “Ah, veja bem! Não é bem assim”. Todos nós sabemos quão prontamente pecamos com a língua, e se um pregador almeja a convicção, é bastante fácil atingir esse alvo através da pregação sobre os “pecados da língua”. Contudo, todos nós sabemos, quer recebamos lembretes ou não, que fofoca, maldade, mentira, controle de mentiras, maledicência e quaisquer outras coisas assim são pecados que devem ser confessados e abandonados. Mas, suponhamos que tenhamos expulsado esse demônio e que a casa esteja varrida e mobiliada. O que acontece depois?
O TEXTO
O sábio de coração é chamado prudente, e a doçura no falar aumenta o saber. O entendimento, para aqueles que o possuem, é fonte de vida; mas, para o insensato, a sua estultícia lhe é castigo. O coração do sábio é mestre de sua boca e aumenta a persuasão nos seus lábios. Palavras agradáveis são como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo (Provérbios 16:21-24).
VISÃO GERAL
O poder da língua é enorme, mas muitos cristãos imaginam que este seja o poder da dinamite, lançada aleatoriamente. O poder é considerado simplesmente destrutivo; usos construtivos dificilmente podem ser imaginados. Mas, esta não é de forma alguma a ênfase bíblica. O poder da língua para fazer o bem é claramente atestado nas Escrituras. Os sábios de coração são conhecidos como prudentes (v. 21). Observe o fluxo geral nesta passagem, que é do coração para boca. A sabedoria no coração leva à doçura nos lábios, o que por sua vez faz com que outros aprendam (v. 21). O entendimento, assim como a sabedoria, também está no coração e é descrito como uma fonte de vida, borbulhando (v. 22). Mas o que brota do coração do tolo? Loucura. A boca do sábio é instruída pelo seu coração (v. 23). Além disso, seu coração acrescenta aprendizado aos seus lábios, o que equivale a um reforço da mesma coisa (v. 23). Palavras agradáveis são um favo de mel, que desce até a alma é medicina para o corpo (v. 24). Observe que a sabedoria nesta passagem vai de dentro para fora e depois viaja de fora para os corações dos outros.
PENSE ANTES DE FALAR
Cuidado com rabiscos verbais. Conversas edificantes exigem disciplina e reflexão, e as palavras devem ser mais pesadas do que contadas. “O coração do justo medita o que há de responder, mas a boca dos perversos transborda maldades” (Pv. 15:28).
Agora, o objetivo desta pastoral não são todas as coisas ruins que você fará se derramar coisas más (embora o faça). Em vez disso, o objetivo da comparação é pensar no bem positivo que você fará se estudar “como responder”. O objetivo de pensar nas próprias respostas não é simplesmente para “ficar longe de problemas”.
“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem” (Efésios 4:29). A questão é fazer o que é agradável, bom e justo.
Suponha que alguns pais digam a um filho algo assim: “Agora, enquanto estivermos fora, não queremos que você fique jogando vídeo game. Em vez disso, queremos que você trabalhe na sua leitura para a escola.” Suponhamos ainda que os pais voltassem para casa mais tarde e descobrissem uma criança que não tinha lido, mas que também não tinha chegado perto do vídeo game e que, portanto, pensava ter sido obediente. E agora?
VENDO O CONTEXTO
Os brincos ficam nas orelhas e não nas sobrancelhas. Há um lugar para tudo e cada coisa em seu lugar. O mesmo acontece com as palavras. Se você pegar uma muda, o que é uma coisa boa, e tentar plantá-la na sua calçada, não poderá defender a loucura insistindo que as mudas são boas para se plantar em uma calçada:
“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo. Como pendentes e jóias de ouro puro, assim é o sábio repreensor para o ouvido atento” (Pv. 25:11-12).
Alguém que está interessado apenas em desabafar não precisa pensar no destino. Em outras palavras, você está falando, o objetivo é despejar ou encher?
“Os lábios do justo sabem o que agrada, mas a boca dos perversos, somente o mal” (Pv. 10:32).
Um dos perigos da abstração é que começamos a imaginar que as frases deveriam ser avaliadas simplesmente com base na verdade e, assim, negligenciamos questões mais amplas de propriedade contextual:
“O homem se alegra em dar resposta adequada, e a palavra, a seu tempo, quão boa é! Para o sábio há o caminho da vida que o leva para cima, a fim de evitar o inferno, embaixo.” (Pv. 15:23).
GRANDE E PEQUENO
Observe que em todos os lugares, as Escrituras ligam a língua e o coração. “Abomináveis para o SENHOR são os perversos de coração, mas os que andam em integridade são o seu prazer” (Provérbios 10:20). E o Senhor Jesus colocou a questão acima de qualquer disputa:
“Raça de víboras, como podeis falar coisas boas, sendo maus? Porque a boca fala do que está cheio o coração. O homem bom tira do tesouro bom coisas boas; mas o homem mau do mau tesouro tira coisas más. Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem os homens, dela darão conta no Dia do Juízo” (Mateus 12:34-36).
Isto não é uma promessa de que no dia do juízo Deus perderá todo o senso de proporção e começará a coar os mosquitos diante das palavras vãs dos homens. Em vez disso, o Senhor Jesus está afirmando profundamente que palavras vãs são suficientes para determinar o conteúdo do coração. Se eu encontrasse uma garrafa de vinagre, uma gota na língua me diria o que era. E isso seria injusto com o resto da garrafa?
FAÇA O BEM COM SUAS PALAVRAS
Concluindo, lembro novamente, que a questão é positiva e boa. Quantas vezes a Bíblia nos diz isso! “A boca do justo é manancial de vida, mas na boca dos perversos mora a violência” (Pv 10:11).
“A língua serena é árvore de vida, mas a perversa quebranta o espírito” (Pv. 15:4).
Nenhum homem pode domar a língua, diz Tiago. Mas a Palavra de Deus também nos diz que o que é impossível para os homens é possível para Deus. O que é impossível para a carne é fácil para a graça.
Agradecemos a Deus pela obra que Ele está realizando em nosso meio. É certo que o façamos. Mas, isso significa que acreditamos que esta é uma obra do Espírito. Viemos agora para cantar a Deus e orar a Ele. Para fazer isso, devemos usar a nossa língua, e devemos fazê-lo com firmeza.
Mas, enquanto nos preparamos para isso, considere o que a sua língua fez na semana passada. Como você tem falado com seus filhos? Como você falou sobre um amigo cristão que está passando por dificuldades? Você passou algum problema para alguém que não fez parte da solução? A sua língua está limpa de qualquer fofoca que a contaminou? Você já falou duramente de algum irmão que discorda de você em algum ponto de doutrina ou outro assunto? Jovens, o seu discurso foi edificante ou foi simplesmente o tipo de conversa idiota que você ouve no tik tok?
Durante toda a semana, você está constantemente se aproximando do Dia do Senhor. Então prepare sua boca para o que ela fará. E se você pecou nisso – se palavras rudes, falsas ou desnecessárias passaram pelos seus lábios – então confesse seus pecados ao Senhor agora, antes de ousar proferir uma palavra de louvor a Ele.
Nele, em que dolo algum se acho em sua boca,
Rev. Alan Kleber