12 E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio. 13 Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva. 14 E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão.”

(1 Timóteo 2.12-14)

Em sua Primeira Carta ao jovem pastor Timóteo, o Apóstolo Paulo escreveu um dos principais textos encontrados na Escritura contra a ordenação de mulheres ao ministério pastoral, mas que infelizmente muitas vezes é mal compreendido pelos leitores contemporâneos.

Em toda a Bíblia, lemos sobre mulheres fazendo coisas maravilhosas e poderosas, mas nunca vemos mulheres servindo como sacerdotes. Vemos rainhas, juízas e profetisas, mas não sacerdotisas. Deus designou homens apenas para a função sacerdotal de guardar o santuário e administrar o sacrifício. Este é o ofício que corresponde aos ministros ordenados no novo pacto, e Paulo nos mostra que a exigência de apenas homens ainda permanece. Por essa razão, Débora, Ester e outras mulheres da Bíblia simplesmente não podem justificar a ordenação feminina, pois nenhuma delas era sacerdotisa.

Mas, por que não? Por que as mulheres não podiam ser sacerdotes no antigo pacto e por que não podem ser pastores no novo pacto? Alguns cristãos, apelando para 1 Timóteo 2, pensam que as mulheres não podem ser ministras por causa do que Eva fez no jardim. O Apóstolo Paulo diz que Eva foi enganada, mas Adão não. Com base nisso, os defensores dessa posição defendem que as mulheres são ingênuas e facilmente enganadas, e é por isso que a ordenação feminina é proibida. Já os homens, não são tão facilmente enganados (aparentemente), o que os torna equipados para enfrentar Satanás e a falsa doutrina. Como veremos, essa visão não se sustenta e faz pouco sentido quando comparada com o Livro de Gênesis.

A narrativa de Gênesis sobre a Queda revela que Adão não enfrentou Satanás diante da árvore do conhecimento do bem e do mal. Adão estava presente durante a conversa de Eva com a serpente (Gênesis 3.6), mas, ele não fez nada. Adão ficou parado e viu sua esposa ser enganada. Ele a deixou comer do fruto proibido e seguiu o seu exemplo comendo também. Adão não estava guardando o jardim, ou sua esposa, como Deus lhe havia ordenado (Gênesis 2.15).

Adão falhou em seu ofício, abrindo a porta para o pecado – ferindo aos outros (Eva) e a si mesmo. Claramente, quando Paulo diz que “Adão não foi iludido”, ele não está dizendo nada de virtuoso ou bom sobre Adão. Pelo contrário, o apóstolo está dizendo algo negativo sobre o primeiro homem. Paulo afirma que o pecado de Eva foi devido ao engano (Gênesis 3.13), mas Adão pecou consciente e deliberadamente. Entre os dois, Adão teve maior pecado, pois era o cabeça federal de sua esposa.

Como isso ajuda nossa interpretação de 1 Timóteo 2? O apóstolo não está culpando Eva pela queda da humanidade no pecado. Ele sabe que o pecado veio por meio de um homem, não de uma mulher, como ele escreveu em outro lugar (Romanos 5.12). Tampouco Paulo está ensinando que a ordenação feminina teria sido permitida se Eva não tivesse pecado. Não devemos imaginar que a ordenação feminina foi algo que Deus tirou das mulheres como punição por seu pecado. A ordenação feminina nunca existiu em primeiro lugar.

A chave para entender a lógica paulina é o versículo 13: “Porque, primeiro, foi formado Adão, depois, Eva”. Esse é o raciocínio de Paulo contra a ordenação feminina. Ele é criacional e imutável, não depende da Queda. É um argumento fundamentado em Gênesis 2 (antes da queda), e não em Gênesis 3 (depois da queda). Portanto, quando o apóstolo diz no versículo 14, “E Adão não foi iludido, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”, isso deve ser lido como uma declaração entre parênteses. Funciona como evidência de apoio para o raciocínio de Paulo; não é o cerne de seu argumento.

Primeiro, Deus criou Adão – como seu filho humano (Lucas 3.38) – e esse status primário veio com deveres sacerdotais:

1. Adão deveria guardar o jardim (Gênesis 2.15), que é o que os levitas fariam no tabernáculo (Números 18.1-7).

2. Adão recebeu uma restrição alimentar, não podendo comer da Árvore do Conhecimento (Gênesis 2.17), assim como os israelitas teriam restrições alimentares (Levítico 11).

3. Adão deveria compartilhar a palavra falada de Deus com os outros (Gênesis 3.2-3), que é o que os sacerdotes fariam com a palavra escrita de Deus (Deuteronômio 17.18).

4. Adão foi feito primeiro. Isso significa que ele deveria liderar ou iniciar a adoração. Por isso que os ministros devem ser filhos, homens, varões. Eles funcionam como representantes do Filho eterno, Jesus Cristo, nosso grande sumo sacerdote, o perfeito varão.

Em seguida, Deus criou Eva. Sua posição secundária significa que ela deveria ser conduzida, ou responder, em adoração. Adão deveria instruir Eva sobre como obedecer a Deus, e Eva deveria se submeter a essa liderança. É aqui que o versículo 14 entra como evidência de apoio. Adão falhou em seu dever de liderar sua esposa, e o resultado foi que Eva foi enganada pela serpente. O fracasso de Adão não significava que Eva deixaria de ser liderada, mas, que ela seria liderada por outra pessoa. Eva seria guiada em justiça ou maldade, mas de qualquer forma, ela seria guiada por alguém. O papel feminino de responder na adoração nunca é negado, quer seja bom ou ruim.

Poderíamos resumir o ensino do Apóstolo Paulo assim:

“Eu não permito que uma mulher tenha autoridade de ensino na igreja, porque Adão deveria liderar na adoração e Eva deveria responder na adoração. Você não sabia disso Timóteo? Quando Adão falhou em liderar, Eva foi liderada pela serpente. Isso prova que o papel feminino na adoração é responder, não liderar”.

Conclusão

Portanto, se você ainda acha que tudo isso é humilhante para as mulheres, pense e reflita novamente. Os papéis de homens e mulheres são igualmente fundamentais e necessários na ordem criada por Deus. Quando os cristãos se reúnem para adoração, eles o fazem como a noiva corporativa de Cristo, que é uma designação feminina, respondendo em devoção a Deus por meio dos atos litúrgicos, não liderando o culto solene.

A Bíblia chama a multidão mista de homens e mulheres reunidos em assembleia de uma única noiva para Cristo, uma nova Eva para o novo e perfeito Adão. Quando a Igreja, a noiva adornada de Cristo, se reúne no Dia do Senhor, assim como as mulheres, os homens devem ser conduzidos na adoração. Enquanto isso, o pastor – o líder da adoração – simbolicamente deve representar o único marido, o filho eterno, Jesus Cristo. Por isso, assim como sacerdote, o ministro deve ser um filho, um homem, um varão.

Nele, nosso amado Noivo,

Rev. Alan Kleber Rocha

Adaptado de McIntosh, Adam, ”Did Eve Ruin Female Ordination?”

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