Na última pastoral falamos sobre um dos benefícios do trabalho de plantação de igrejas locais: o benefício da permanência do evangelho na localidade. Hoje, veremos outro benefício: a segurança estratégica para multiplicação de igrejas.

A igreja local é “segurança estratégica” para multiplicação de igrejas, pois nela está tudo o que é necessário para tal. Ao tratar sobre a importância da igreja local e missões, Pino afirma que a responsabilidade da obra missionária é da igreja local, “pois esta é o celeiro de missionários”, é dela que “saem os recursos para as missões e por ela devem ser administrados”, e é ela “que deve se preocupar com os grupos não alcançados da cidade, da região e de todo o mundo”. Nas igrejas locais está o potencial missionário, o qual carece de despertamento.

Muitas igrejas brasileiras precisam “enxergar-se como vocacionadas por Deus a exercer a tarefa missionária como um fator preponderante em seu ministério”, pois elas são “a força missionária de Deus nesse mundo e em nosso país.”

Diante de tais afirmações, surge uma pergunta: o que precisa acontecer para que a igreja brasileira seja despertada?

Dentre as respostas dadas pelo autor supra citado, está a seguinte questão, a de que “a igreja local precisa conscientizar-se e ver a si mesma como a principal agência missionária da face da terra. Ela deve orar com isso em mente, agir com isso em mente, pregar com isso em mente, trabalhar com isso em mente.”

Essa compreensão reflete o entendimento que Paulo tinha acerca de cada igreja local, quer tenha sido plantada por ele ou não. A igreja em Roma, por exemplo, não foi fruto de seu trabalho, contudo ele desejava ir até Roma e ser encaminhado por esta igreja para outras regiões a fim de proclamar o evangelho. Paulo compreendia que essa igreja conferia “segurança estratégica” para a obra missionária. Acerca dessa segurança, Lidório diz o seguinte:

A presença de igrejas locais alimentadas pela Palavra conferiu segurança estratégica para Paulo ao considerar que já não havia mais o que fazer na parte leste do Império Romano, desejando ir para a Espanha, a parte leste do Império (Rm 15.24). Ele chega a afirmar que não havia mais “campo de atividades nestas regiões” (v. 23), justificando a sua partida. Paulo, mais do que outros, sabia que ainda havia milhares de pessoas que não conheciam a Cristo onde ele transitava, porém considerava a região alcançada pelo evangelho, devido à existência de igrejas locais em lugares estratégicos.

Paulo, guiado pelo Espírito Santo, plantou igrejas em lugares estratégicos, e essa ação do apostolo resultou em benefícios, pois a partir dessas cidades estratégicas, o evangelho era expandido nas respectivas regiões. A igreja de Tessalônica, uma das igrejas plantadas por Paulo, “tornou-se a base missionária para toda a Macedônia”, assim como “Corinto tornou-se a base missionária para a província da Acaia”, e “Éfeso, a sua base para a Ásia proconsular”.

Que o Senhor continue despertando as igrejas locais do nosso país, a fim de agirem como segurança estratégica para a multiplicação de igrejas.

Em Cristo, o Senhor das missões,

Rev. Élisson Oliveira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LIDÓRIO, Ronaldo. Teologia, piedade e missão: a influência de Gisbertus Voetius na missiologia e no plantio de igrejas. São Paulo: Hebrom, 2021.

LOPES, Augustus Nicodemus. Paulo, Plantador de Igrejas: Repensando fundamentos bíblicos para a obra missionária. Recife: Puritanos, 1998.

PINO, Carlos Del. A importância da igreja local em missões. In: WINTER, Ralph D.; HAWTHORNE, Steven C.; BRADFORD, Kevin D. (Org.). Perspectivas no movimento mundial cristão. São Paulo: Vida Nova, 2009.