Masculinidade & Sacrifício

Napoleão queimando Moscou por Albrecht Adam, 1841

À medida que as coisas continuam a evoluir; à medida que as coisas ficam cada vez mais loucas; à medida que a nossa cultura, para usar esse termo livremente, continua a desmoronar, muitos crentes ficam desanimados, sem saber se há algo que possam fazer. Já outros crentes foram escatologicamente imobilizados, pensando que estes desenvolvimentos terríveis são apenas ingredientes incorporados ao
famoso bolo dos “últimos tempos”. E é desse modo que os mundos terminarão.

Mas há aqueles crentes que querem se envolver na luta. Eles acreditam que as lutas são importantes e que elas podem realmente ser vencidas, mas querem saber onde está o centro da luta. Esses crentes então perguntam: Para onde podemos ir? O que é que podemos fazer? De fato, realmente há uma diferença entre recuar e passar para o outro lado. No entanto, retiradas imprudentes podem ser desastrosas e, por isso, queremos ter a certeza de não adotar precipitadamente qualquer tipo de opção oferecida em um combate.

As retiradas estratégicas funcionaram por vezes no passado, o que um general chamou certa vez
de “avançar para a retaguarda”. Mas nos separar num gueto evangélico onde os secularistas controlam todas as ruas que entram e saem não me parece uma dessas oportunidades possíveis. Para o cristão, o martírio sempre será uma possibilidade e a vitória também. Entretanto, uma trégua controlada deveria estar fora de questão.

Infelizmente, existem líderes cristãos que preferem ser generais numa retirada a tenentes numa vitória, e vivemos numa época em que muitos dos nossos líderes sentiram o puxão desse apelo específico em seus
corações. E uma vez instalado no coração, não demora muito para que se infiltre na cabeça, onde estão guardadas todas as estratégias para combater o bom combate.

A masculinidade bíblica é glúten cultural. Sem ele, o biscoito simplesmente se desfaz em pedaços na sua mão e, ainda por cima, fica sem gosto. Ou, o equivalente orgânico surge com um agente de ligação
artificial que não funciona ou transforma o biscoito em um tijolo totalmente natural.

O que devemos dizer daqueles líderes cristãos que são suficientemente masculinos para quererem estar na liderança, mas não suficientemente masculinos biblicamente para aceitarem os sacrifícios designados que os acompanham? Nosso Senhor Jesus ensinou que um dos sacrifícios centrais é este: aquele que assume autoridade no reino deve estar disposto a ser o servo dos outros: “Mas o maior dentre vós será vosso servo. Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado” (Mateus 23:11-12).

Contudo, depois de três anos com Jesus, os discípulos discutiram no caminho para Jerusalém sobre quem seria o maior: “Tendo eles partido para Cafarnaum, estando ele em casa, interrogou os discípulos: De que é que discorríeis pelo caminho? Mas eles guardaram silêncio; porque, pelo caminho, haviam discutido entre si sobre quem era o maior. E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro, será o último e servo de todos.

Trazendo uma criança, colocou-a no meio deles e, tomando-a nos braços, disse-lhes: Qualquer que receber uma criança, tal como esta, em meu nome, a mim me recebe; e qualquer que a mim me receber, não recebe a mim, mas ao que me enviou” (Marcos 9:33-37).

Depois de três anos com Jesus, os discípulos estavam disputando entre si na Última Ceia sobre quem seria o maior e o responsável entre eles: “Suscitaram também entre si uma discussão sobre qual deles parecia ser o maior. Mas Jesus lhes disse: Os reis dos povos dominam sobre eles, e os que exercem autoridade são chamados benfeitores. Mas vós não sois assim; pelo contrário, o maior entre vós seja como o menor; e aquele que dirige seja como o que serve. Pois qual é maior: quem está à mesa ou
quem serve? Porventura, não é quem está à mesa? Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve” (Lucas 22:24-27).

Alguém pensa honestamente que a liderança da igreja evangélica brasileira está livre desta tentação que repetidamente enganou os discípulos? G.K. Chesterton faz uma grande observação quando afirma que a única amostra do paraíso na terra é lutar por uma causa perdida e depois não a perder. Essa perspectiva está diante de nós agora. Mas, isso nos traz de volta à minha pergunta anterior. Onde vamos lutar? Onde está o centro da luta? Esta questão tem vários aspectos, mas um dos mais óbvios é que para estar no centro da luta é preciso haver luta.

O apóstolo Paulo disse que sem Cristo nada se mantém: “Ele é antes de todas as coisas. Nele, tudo subsiste. Ele é a cabeça do corpo, da igreja. Ele é o princípio, o primogênito de entre os mortos, para em todas as coisas ter a primazia” (Colossenses 1:17-18).

Para serem uma parte ativa do Seu tipo de vínculo, os líderes têm que ser mais do que mercenários:
“O mercenário, que não é pastor, a quem não pertencem as ovelhas, vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então, o lobo as arrebata e dispersa” (João 10:12).

Eles têm que ser dádivas de Cristo para Seu povo e, para serem dádivas completas Dele, precisam ser mais semelhantes a Ele. Mas, precisamos acabar com os líderes que querem ser como Jesus, só que não tão sangrentos como Ele.

Quando esse presente gracioso for finalmente concedido, Deus levantará líderes que poderão olhar para o caos do nosso campo de batalha e ver um caminho reto para a vitória. Se o caminho para vitória
não for dado por Deus, então nossa causa particular estará perdida, e nos veremos na Ressurreição. Poderemos então assistir a todo o jogo – e seremos capazes de lidar com isso porque não haverá lágrimas ali (Ap 21:4).

Seja qual for o caso, já ultrapassamos o ponto de sermos capazes de nos salvar. Temos que parar de fingir. Como A.W. Tozer disse certa vez, “se o avivamento significa mais do que temos agora, certamente não precisamos de avivamento”.

Em Cristo,

Rev. Alan Kleber

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