Estante cheio de vários tipos

Descrição gerada automaticamente com confiança baixa

Pedro confessou Jesus como o Cristo. Nosso Senhor Jesus respondeu que sua igreja em todas as épocas seria construída sobre esta confissão. A verdade mais importante confessada foi Cristo, que é o único Filho do Deus vivo:

“Mas vós, continuou ele [Jesus], quem dizeis que eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.15, 16).

Jesus Cristo é a pedra angular da igreja. Contudo, o meio para esse fim – confessar – também é uma atividade muito importante. Por essa razão,

Confessamos:

1. O caminho para o perdão de nossos pecados: “Confessai, pois, os vossos pecados uns aos outros e orai uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tiago 5.16);

2. Como os salvos são identificados: “Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Romanos 10.9, 10);

3. A confirmação de que o Espírito Santo está operando na vida do crente: “Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo” (1 Coríntios 12.3);

4. O anúncio da nossa esperança: “Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel” (Hebreus 10.23);

5. Acompanhado de obediência: “visto como, na prova desta ministração, glorificam a Deus pela obediência da vossa confissão quanto ao evangelho de Cristo e pela liberalidade com que contribuís para eles e para todos” (2 Coríntios 9.13);

6. Que o próprio Cristo fez a boa confissão: “Exorto-te, perante Deus, que preserva a vida de todas as coisas, e perante Cristo Jesus, que, diante de Pôncio Pilatos, fez a boa confissão” (1 Timóteo 6.13).

Como cristãos, devemos abraçar uma norma bíblica madura para confessar a nossa fé. Deixe-me apresentar brevemente cinco razões pelas quais uma confissão de fé escrita é útil:

Primeiro, as confissões escritas representam maturidade. Uma comunhão confessional é mais do que um voo noturno. É relativamente fácil produzir uma declaração de fé pessoal ou um documento com a minha posição sobre um assunto restrito. No entanto, apenas aquelas confissões que são testadas por muitas gerações perduram. Assim como a música pop de ontem quase não mais inspira o público dos nossos dias, uma confissão transitória é um pouco embaraçosa. Porém, os credos clássicos, produzidos por cristãos experientes, resistem ao teste do tempo. Uma confissão de fé é um conjunto de crenças comprovadas e maduras. Você não prefere ser guiado por tal declaração madura de fé e provada pelo tempo do que por um conjunto mal definido e imaturo de crenças ou uma declaração de fé pessoal?

Em segundo lugar, as confissões escritas impedem os crentes de reinventar a roda. Credos e confissões podem adiantar rapidamente o estudante diante de toda a sua classe, isto é, se o crente não precisa formular cada parte da doutrina por si mesmo, mas antes, for humilde o suficiente para rapidamente ouvir e aprender com os outros santos do passado:

“Sabeis estas coisas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar” (Tiago 1:19).

Fazendo isso, o cristão pode poupar um tempo considerável e incontáveis ​​becos teológicos sem saída. Ele evitará caminhos que são “inúteis para um maior reconhecimento”, como percebeu o teólogo reformado holandês, Abraham Kuyper.

Terceiro, as confissões escritas são uma forma não prejudicial de dizer aos estranhos no que cremos. Em uma época que anseia por autenticidade e transparência, muitas pessoas se cansam de declarações vagas do tipo “confie em mim” ou apelos para se doar dinheiro às cegas. A confissão é um ato ousadamente público; significa que aquilo em que cremos não é segredo, e nem é algo espalhado pelo vento para o gosto individual. Ela permite que qualquer visitante que visite a nossa congregação descubra em que acreditamos.

Quarto, as confissões escritas nos protegem contra as peculiaridades e “modismos” do nosso tempo. Infelizmente, hoje em dia há mais cristãos que seguem líderes religiosos e celebridades gospel do que nunca, e aqueles movimentos baseados em líderes não bíblicos e peculiares raramente terminam bem. Ansiar por “modismos” ou seguir uma celebridade frequentemente produz o culto de si mesmo, adoração que busca a autopromoção, confusão doutrinária e litúrgica. Uma confissão está pronta para todos aqueles que desejam participar do discipulado cristão que é maior do que seu próprio tempo.

Quinto e último lugar, as confissões escritas exigem que nos arrependamos e desistamos de algumas de nossas noções erradas. Um dos motivos pelos quais os credos e confissões desagradam a alguns é sua qualidade inflexível. No entanto, uma fé distorcida para cada uma de minhas preferências é vazia. O ethos (caráter moral) inegociável de uma confissão de fé pode realmente forçar uma geração mais preguiçosa a retornar às Escrituras e passar por algumas questões difíceis. Isso pode realmente nos ajudar a amadurecer.

Aplicações práticas

Desde que uma confissão seja totalmente bíblica (portanto atemporal) e não provinciana, ela pode muito ajudar.

1. Uma confissão nas mãos de líderes pastorais e espirituais pode servir vitalmente à unidade da igreja e à clareza doutrinária.

2. Uma confissão, se eco fiel do que Deus já diz, pode nos guiar e nos proteger das deficiências de uma época ou local.

3. As confissões que repetem e amplificam levemente os sons das escrituras perduram, ao mesmo tempo que equipam a família de Deus com força e perspectiva para evitar os fossos de cada modismo ou heresia peculiares a sua época.

4. As confissões que repousam sobre os ombros de exegetas santos do passado são os cursos avançados que resolvem certas questões e proporcionam uma vantagem inicial para o crente do nosso século.

5. Uma confissão é também simultaneamente abreviatura e sabedoria comprovada; é ortodoxia (doutrina correta) e ortopraxia (prática correta) ao mesmo tempo. A menos que o tempo de vida de uma pessoa seja infinito, quando oramos a Deus para nos ensinar a contar os nossos dias para que alcancemos um coração sábio (Salmo 90.12), as confissões muitas vezes nos ajudam na administração do tempo, bem como nos protegem de um idiossincratismo incapacitante.

Conclusão

O propósito de uma confissão é fortalecer a unidade da igreja e a clareza de sua doutrina. Muitos de nós aprendemos da maneira mais difícil que os padrões mais contundentes são os não escritos. Os fariseus, antigos e modernos, são mestres no uso de padrões não escritos para levar os não iniciados ao coma espiritual. Uma confissão de fé bíblica, entretanto, liberta a comunidade pactual dessas leis secretas. Isso nos liberta de padrões autoimpostos e torna a igreja aberta a todos vivendo sob os mesmos padrões.

Abraham Kuyper estava certo em nos aconselhar contra o perigo de divergir de confissões de fé fixas e estabelecidas na história até que fossemos compelidos a fazê-lo pela Bíblia. Longe de ser algo perigoso e por isso proibido, apegar-se as antigas e sólidas confissões fé é pouco mais do que seguir o padrão do Novo Testamento. Em vez de contradizer a doutrina do Sola Scriptura (somente a Escritura), uma confissão de fé escrita é, na verdade, um bom guia para ela.

Dr. Davil W. Hall, é pastor senior da Midway Presbyterian Church em Powder Springs, GA.

Tradução e adaptação: Rev. Alan Kleber Rocha