Introdução

Junto com Efésios, a epístola aos Colossenses é um daqueles lugares nas Escrituras onde você tem uma densidade muito maior de verdade. A letra em Colossenses não é mais verdadeira do que outras passagens das Escrituras, mas certamente há mais verdade por centímetro quadrado nesta carta o que nos fará retornar com muitas visitas.

O texto

“Paulo, apóstolo de Cristo Jesus, por vontade de Deus, e o irmão Timóteo, aos santos e fiéis irmãos em Cristo que se encontram em Colossos, graça e paz a vós outros, da parte de Deus, nosso Pai…” (Leia Colossenses 1.1-20)

Resumo do texto

A carta é de Paulo, o apóstolo, e de Timóteo, mas como o pronome “eu” é usado por toda parte, podemos supor que o papel de Timóteo era o de secretário (v. 1). Os santos e irmãos fiéis lá em Colossos são saudados com graça e paz do Pai e do Filho (v. 2). Paulo tinha sido constantemente grato pelos colossenses (v. 3), desde que ouviu falar de sua fé em Deus e amor pelos santos (v. 4). Essa fé e amor surgiram de sua esperança depositada no céu, da qual eles ouviram falar por meio do evangelho (v. 5). Esse evangelho, entre os colossenses e em toda parte, é frutífero desde o início (v. 6). Eles aprenderam tudo isso com Epafras, um ministro fiel (v. 7), que relatou o amor dos colossenses a Paulo (v. 8).

Desde o primeiro dia que Paulo ouviu falar do início da caminhada dos colossenses com Cristo, ele orou constantemente para que fossem cheios do conhecimento da vontade Deus em toda a sabedoria e entendimento espiritual (v. 9). Isso era para que andassem de maneira frutífera e agradável a Deus (v. 10). Isso aconteceria à medida que fossem fortalecidos pelo poder de Deus em toda paciente alegria (v. 11), dando graças ao Pai que os incluiu em sua herança (v. 12). Deus os libertou do poder das trevas (v. 13) para o Seu reino, e eles obtiveram redenção pelo sangue do Filho de Deus, que é o perdão dos pecados (v. 14).

Este Filho é particularmente exaltado nessa carta. Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação (v. 15). Este Filho é o Criador Todo-Poderoso de todas as coisas – elas foram criadas por Ele e para Ele (v. 16). Ele é anterior a todas as coisas, e dele todas as coisas dependem (v. 17). Ele é o cabeça da igreja, e o arche (αρχη “princípio”), o primogênito dentre os mortos, o preeminente (v. 18). Aprouve ao Pai que toda plenitude residisse no Filho (v. 19). E tendo feito a paz através da sua cruz, era intenção do Pai reconciliar tudo no céu e na terra por meio daquele único e magnífico sacrifício (v. 20).

Antecedentes do Livro

Por muitas razões, a Carta aos Colossenses deve ser considerada como a irmã gêmea da Carta aos Efésios. Essas duas epístolas foram escritas na mesma época (c. 62 d.C.), durante a prisão romana de Paulo – a prisão é registrada no final do livro de Atos. Outra carta escrita ao mesmo tempo foi aquela endereçada a Filemom. Todas essas três cartas aparentemente foram entregues por Tíquico (Ef 6.21; Cl 4.7) e Onésimo (Cl 4.9).

Colossos estava localizada cerca de 160 quilômetros a leste de Éfeso, na moderna Turquia. Éfeso ficava na costa e Colossos ficava no interior. A igreja em Colossos havia sido fundada cerca de dez anos antes, mas não diretamente por Paulo. Quando Paulo estava ensinando naquele período de três anos em Éfeso (c. 52-55 d.C.), um nativo colossense chamado Epafras ouviu Paulo em Éfeso, converteu-se e retornou a Colossos para plantar a igreja (Cl 1.7).

Cristo o Criador

Se algo existe, então esse algo foi criado por Cristo. Ele é o executor do poder de Deus, Ele é o poder de Deus, ou seja, Ele é Deus. Considere o versículo 16 novamente:

“pois, nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos, sejam soberanias, quer principados, quer potestades. Tudo foi criado por meio dele e para ele” (Cl 1.16).

Mas essa verdade nos é dita muitas vezes no Novo Testamento:

“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez” (João 1.3).

Nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hb 1.2).

Se algo é, então Cristo o fez.

Não afirmamos a doutrina da criação como uma espécie de verdade genérica. O fato de que o relato da criação nos é dado em Gênesis não deve nos impedir de ver a doutrina como uma doutrina cristã explícita. Os oceanos e rios, montanhas e florestas foram criados pelo Filho de Deus.

Cristo o Arche

A palavra arche no versículo 18 é traduzida como princípio, mas há muito mais nisso do que um cronômetro que mede o tempo. A palavra arche é usada em João 1.1, mas lá no início está o Verbo, que era Deus e estava com Deus. Ele não diz “no princípio, as coisas começaram”. Ele diz que “no princípio era o Verbo”. E em Colossenses 2:15, Cristo despoja os principados (arche), que ali se refere aos governantes espirituais. Cristo é o governante supremo, o ponto final de integração, o primogênito de toda a criação. Ele é o ache final, o ponto final e último de integração.

Paulo diz mais sobre isso explicitamente no versículo 15. Ele é o primogênito de toda a criação. Isso é repetido um momento depois na frase primogênito dos mortos. E assim vemos que primogênito de toda a criação não significa “criatura primogênita”. Cristo não é criatura, mas sim o Criador, como já notamos. A ressurreição de Jesus dentre os mortos é a declaração de Deus de quem Ele realmente é (Rm 1.4); At 13.33). Jesus foi gerado dos mortos, que é o que a expressão “hoje eu te gerei” se refere no Salmo 2. Cristo é o Senhor da nova criação, e sua ressurreição foi a primeira aparição dessa nova criação.

Cristo, a Reconciliação Cósmica

Agora, o apóstolo Paulo diz algo muito impressionante no versículo 20:

“E que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Cl 1.20).

A morte de Cristo na cruz não resultou apenas em nosso perdão e redenção, embora inclua isso. Vemos isso no versículo 14: “… no qual temos a redenção, a remissão dos pecados”.

E assim o distanciamento entre nosso egocentrismo profano e um Deus santo é realizado dessa maneira. Isso é o que os evangélicos têm enfatizado adequadamente ao longo dos anos. Mas, observe que Paulo está falando sobre uma reconciliação muito maior realizada por meio da cruz. Aqui a reconciliação é entre “todas as coisas” e “Ele mesmo”. E a totalidade de “todas as coisas” inclui as coisas no céu, bem como na terra. Tudo deve ser refeito.

Não pense simplesmente no céu como um lugar totalmente distante – embora as Escrituras falem dos altos céus, e isso faz parte do quadro. Devemos também pensar no céu como algo que está próximo, mas escondido de nós. Existem vários lugares onde nos dizem que os céus “se abriram”. Vemos isso no batismo de Jesus (Mc 1.10). Quando Jesus disse a Natanael que ele veria (Jo 1.51). Pedro viu isso em sua visão do lençol com os animais imundos (At 10.11). Foi isso o que Estevão viu em seu martírio (At 7.56). E então esta é a revelação que João viu na Ilha de Patmos (Ap 4.1).

Portanto, “Não perguntes em teu coração: Quem subirá ao céu?, isto é, para trazer do alto a Cristo?” (Rm 10.6; Dt 30.12-13). Não, o Céu está próximo, porque Cristo está sendo pregado, e sempre que Cristo é pregado, Ele está necessariamente próximo.

“Porém que se diz? A palavra está perto de ti, na tua boca e no teu coração; isto é, a palavra da fé que pregamos” (Rm 10.8).

Nele, Redentor do Universo

Rev. Alan Kleber Rocha